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PALMIRA ENTREVISTA

GOSTO DE SABER AS IMPRESSÕES, MAIS DETALHES DE COMO DETERMINADO LIVRO MARCOU A VIDA DA PESSOA, COMO AQUELA LEITURA A IMPACTOU

L
aura Brand é editora, jornalista, produtora de conteúdo, yogi e apaixonada por contar histórias. Para si trabalhar com livros é uma paixão e acredita que cada página guarda uma história incrível que merece ser contada. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e foi se especializando no mercado editorial com vários cursos à distancia e presencialmente, incluindo uma especilização em publishing no Columbia Publishing Course, em Oxford, na Inglaterra. Atualmente trabalha como editora e gerencia a produção editorial de vários dos livros do Grupo Editorial Letramento, em Belo Horizonte, Minas Gerais. 

“por muito tempo pensei que seria como escritora, escrever sempre foi uma paixão. Entretanto, esse é um sonho que acabei engavetando”

Como e porquê escolheu ser editora?
Desde nova eu entendi que queria trabalhar com histórias, por muito tempo pensei que seria como escritora, escrever sempre foi uma paixão. Entretanto, esse é um sonho que acabei engavetando e descobri que meu amor pela literatura também poderia ser uma profissão. Me formei em jornalismo, mas já na metade do curso vi que poderia buscar uma carreira no mercado editorial, ajudando a publicar as histórias que eu tanto amava. Comecei com um estágio como assistente editorial em uma editora pequena e fui promovida a editora assim que me formei. Hoje em dia trabalho como editora e responsável pela produção editorial de vários dos títulos publicados no Grupo Editorial Letramento, mas já fiz algumas capas, já fiz trabalhos de tradução, aquisição de direitos de livros, produção de conteúdo para as redes sociais, produção de newsletters, negociação e captação de autores e muito mais. O bom de trabalhar em uma editora pequena é que dá pra trabalhar com tudo um pouco e aprender sobre todas as áreas da produção editorial. 

 
Qual foi o maior desafio que já enfrentou enquanto editora?
Para falar a verdade, todo dia é um desafio diferente. O trato com pessoas sempre é um assunto delicado, principalmente com autores que têm o livro como a realização de um sonho. Na Letramento publicamos muitos títulos, mesmo com uma equipe pequena, então o cumprimento de prazos e elaboração de cronogramas de publicação com um tempo reduzido também é um desafio diário. E, como não poderia deixar de ser, é um desafio constante buscar aqueles livros que irão vender bem, que chegarão às pessoas certas e que conquistarão um espaço, mesmo que pequeno, com o público.  
Quais são os livros que mais a marcaram na vida. Com excepção da Bíblia Sagrada.
Não sou uma pessoa religiosa, então a Bíblia não foi um livro que me marcou. Sempre tive o hábito de ler, graças aos meus pais que sempre me incentivaram nesse sentido, então ao longo da minha vida passei por vários géneros literários e tive contacto com muitos livros. Mas não posso negar que um título que me fez virar a leitora que sou hoje foi Crepúsculo. Até então eu lia bastante, em comparação com outras pessoas da minha idade, mas não lia tanto quanto leio hoje. Depois de Crepúsculo uma chavinha virou para mim e comecei a ler cada vez mais, me abrindo para outros livros e géneros. A Irmandade da Adaga Negra é uma dessas séries que acompanho há quase 15 anos e ainda me sinto tocada toda vez que tenho em mãos um lançamento da saga. 
Duas qualidades a definem, como disse nestas palavras: Pensando no trabalho? Dedicada. Sou uma pessoa que se entrega de corpo e alma àquilo que eu gosto, por isso não tenho problema em ficar horas trabalhando com uma mesma tarefa, faço do trabalho um hobbie e dos meus hobbies trabalhos, procuro sempre me aperfeiçoar e aprender cada vez mais o máximo que eu puder.
Dinâmica. Sou uma dessas pessoas que executa pelo menos três tarefas ao mesmo tempo e não consigo funcionar direito de outra forma (risos) Então adoro me dedicar a vários projetos, sem perder o foco e a dedicação, e sinto prazer em explorar diversos nichos dentro de uma mesma área, buscando sempre me reinventar e aprender.  
Está feliz como editora ou gostaria de ser também escritora? 
Ser escritora é um sonho que, no momento, está engavetado. Continuo escrevendo para mim e, de vez em quando, compartilho algumas pílulas nos meus perfis pessoais nas redes sociais. Espero algum dia voltar a correr atrás desse sonho, mas no momento estou satisfeita com meus projetos pessoais e trabalhando como editora. 

                                  

Já leu algum livro angolano?  Se sim diga qual,  se não diga porquê?
Acredito que ainda não, infelizmente. Por muito tempo fui dessas leitoras que tinha a literatura europeia e norte-americana como referência, deixando de lado até mesmo os livros nacionais, brasileiros, que iam sendo lançados. Com o passar do tempo e à medida que fui trabalhando mais com livros de pessoas que trazem consigo diversas bagagens e vivências, fui descobrindo a riqueza da literatura estrangeira, para além da colonização intelectual e material do hemisfério norte. Nos últimos anos busquei mais livros publicados por autores sul-americanos, asiáticos e africanos e esses foram alguns dos livros mais marcantes que li recentemente, mas acredito que ainda não li nenhum livro de um autor angolano. Inclusive, aceito recomendações.  
Conta-me algo inédito sobre a sua vida literária?
Hmmm, não sei dizer se são coisas inéditas porque vivo compartilhando minhas experiências literárias na internet, mas não li vários clássicos, estou correndo atrás disso agora (risos), estou começando a me adentrar no mundo da ficção científica e do terror agora, e parei de gostar tanto de ler poesia quanto gostava.
Quando questionada sobre a liderança confessou: Quando estou trabalhando em um ambiente onde existe uma certa organização, planeamento e hierarquia, não tenho problema algum em seguir ordens. A gente aprende muito estando sob a tutela de pessoas com mais experiência na área e até mesmo com pessoas que estão começando suas carreiras agora. Entretanto, também não sinto dificuldade em tomar a frente quando é preciso, em ser proativa e delegar tarefas. Afinal, trabalho com gerenciamento de projectos, então acabei de acostumando de alguma forma a isso. 
Geralmente conclui tudo o que começa?
Sim, mesmo quando está nítido que eu deveria desistir ahaha  
“Gosto de saber as impressões, mais detalhes de como determinado livro marcou a vida da pessoa, como aquela leitura a impactou.” 
Sobre os booktubers Laura disse: Acho que o Booktube deveria ser mais valorizado, assim como outros nichos recebem reconhecimento. Comecei a produzir conteúdo para o YouTube no ano passado e tem sido uma experiência maravilhosa. O que tenho tentado trazer é o que busco quando assisto outros canais: subjectividade. Acredito que o melhor conteúdo é aquele produzido de forma subjectiva, com um toque bem pessoal da pessoa. Gosto de saber as impressões, mais detalhes de como determinado livro marcou a vida da pessoa, como aquela leitura a impactou, essas coisas que fogem à resenha fria e aos conteúdos sem personalidade. Acho que isso vale para todos os nichos, mas com o Booktube acho que isso deveria ser mais forte. Afinal, cada um terá uma experiência de leitura única, por que não compartilhar isso de forma subjectiva também?! 
Sei da sua incessante busca por conhecimento. Conte quais cursos já fez para te tornares numa excelente editora e profissional.
Nossa, fiz vários e continuo fazendo muitos sempre que posso ahaha Acho difícil listar todos aqui, mas estou sempre de olho em sites de instituições como Universidade do Livro, Labpub, Casa Educação para ver quais os novos cursos sobre mercado editorial que eles estão lançando. No ano passado fiz o curso de especialização da Universidade de Columbia, o Columbia Publishing Course, em Oxford e foi uma experiência riquíssima também. Estou sempre buscando cursos sobre estudos literários, sobre as diversas áreas da produção editorial, mesmo que eu não vá actuar como profissional dessas áreas etc. Uma dica que posso dar é buscar se manter actualizado sobre o mercado editorial e sobre o que está sendo lançado. É bem legal ter cursos no currículo, mas é ainda mais fundamental estar ciente do que está acontecendo no mercado editorial. Existem diversos sites como Publish News, The Bookseller, Publishers Marketplace e infinitos outros que são actualizados de forma quase que instantânea e oferecem conteúdo gratuito que pode acabar valendo por muito curso aí. 
“Uma dica que posso dar é buscar se manter actualizado sobre o mercado editorial e sobre o que está sendo lançado. É bem legal ter cursos no currículo, mas é ainda mais fundamental estar ciente do que está acontecendo no mercado editorial.” 
Qual foi o livro que mais amou editar e qual mais odiou. Porquê?
Não sei se posso dizer se existiu um livro que eu odiei editar, acho uma palavra forte (risos) Mesmo os livros que não foram meus favoritos me trouxeram aprendizado e experiências que hoje vejo como extremamente gratificantes para a minha formação no mercado editorial. Em compensação, lembro de vários que adorei editar. Um dos primeiros que me vem à mente é o A Menina que Virou Lua, um belíssimo livro sobre a primeira menstruação sob o olhar do sagrado feminino; Por que eu não converso mais com pessoas brancas sobre raça, um livro incrível que compramos os direitos de tradução e publicação no Brasil; Eu, empregada doméstica, sobre a realidade de trabalhadoras domésticas em todo o Brasil; Guia das criaturas mágicas, um livro bem ao estilo Animais Fantásticos, mas com personagens do folclore brasileiro; o livro da influêncer Ananda, que sinto que foge um pouco ao clichê de livros de influenciadores teen que vemos por aí; etc. São muitos que me deixam extremamente feliz de ter podido participar do processo de alguma forma.

                                    
  
Como a sua família encara o facto de ser tão jovem e ser já uma editora?
Acredito que estão orgulhosos, mas ao mesmo tempo não muito surpresos. Não por minha causa, mas porque como trabalho em uma editora pequena, fazendo tanta coisa, seria um caminho natural já que eu já desempenhava várias das funções de uma editora, mesmo quando ainda era estagiária. Então por mais que possa parecer um cargo enorme, pensando no ritmo de trabalho que eu já tinha, no número de pessoas que trabalham na editora e nas responsabilidades que eu tinha, foi algo inevitável.  
Pretende no futuro ter a sua própria editora?
Até alguns dias atrás eu fugia de qualquer menção a essa possibilidade, mas é um pensamento que vem vindo com frequência. Quem sabe?  
Preferências
Quente ou frio? Frio
Doce ou salgado? Salgado
Dia ou noite? Dia
Perfume ou água de colónia? Água de colónia
Gato ou cachorro? Impossível escolhas (risos) Os dois.
Chocolate ou morango? Chocolate. 
Mensagem aos leitores plus. 
“Adoraria convidá-los a conhecer meu trabalho não apenas como editora, mas como produtora de conteúdo” 
Por: Palmira Elias
Literacia Plus








Comentários

Anónimo disse…
Oi.
A Laura é um amor de pessoa. Muito antenada na parte literária e na vida. Amei descobrir um pouquinho mais das coisas que ela fala muito no canal. De como foi o processo para ser Editora.
Beijos.


Www.parafraseandocomvanessa.com.br
Literacia Plus disse…
Obrigada Vanessa! 💟📖

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