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aulo Luzolo Muanda é um jovem angolano cuja raízes são do Norte,  é dedicado à formação multidisciplinar. No entanto, a condição formativa neste momento é suspensa em virtude da posição a qual ocupa. Estudante na faculdade de Direito. Tenciona seguir a Advocacia. 


“A vida é um investimento, quem pouco investe em si, pouco ganha de si. Portanto, olhar criticamente o que fazemos e lemos. Ser crítico não é negar o mérito de outrem. Ser crítico é dizer sim, não, talvez, mas sempre com uma fundamentação humilde e perspicaz”. 

 

Nestas palavras Paulo contou o que o levou a Portugal tão cedo. Fui àquele país com o intuito de me formar em Filosofia, porém o pretenso desejo não foi consumado porque sucedeu uma profunda crise económico-psicológica no seio em que me instalava. Por conseguinte, a experiência é salutar, haja vista que conheci pessoas das quais me orgulharei por um infinito tempo (eternamente), conheci lugares inenarráveis, aditou-se em mim conhecimento, aprendizado, humildade, responsabilidade e maturidade. Em verdade digo que, de certeza, toda a experiência é uma experiência, conquanto existam bons e maus momentos. Por isso, reafirmo que passei por momentos incríveis.  

Sei que é revisor linguístico, conta como isso começou?

Afirmativo. Tornei-me num revisor linguístico por acidente (julgo). Tudo terá começado quando, numa visita a Cabo-Verde, um amigo aspirante a escritor convidara-me a analisar o seu texto. Penso que era sobre a cultura jurídica em Cabo-Verde. Ora, não rejeitei o desafio o qual me tinha proposto à volta da revisão daquele trabalho digno de louvor. Tudo começou assim, embora talvez surpreendentemente, numa brincadeira. De lá para cá, tenho-me servido a isso. O gosto pela leitura e a defesa acérrima por que tenho pela língua portuguesa me fizeram revisor linguístico (não profissional ainda), porém não é descartada a possibilidade de o ser. 

Quando questionado sobre o seu contributo a sociedade Paulo esmiuçou: Contribuo indirectamente para o alavancar do país, por enquanto. Contribuo formando pessoas; penso que a melhor forma de assistirmos a um desenvolvimento real no país é formando pessoas capazes, competentes. Portanto, eu faço-o com bastante prazer. 

Sei que ama escrever, tenciona publicar um livro?

Amo escrever, sim. Tenciono publicar vários livros.  

Paulo contou ainda quais escritores o inspiram: Não sou directamente inspirado por escritores, mas por pessoas que têm sensibilidade e amor à escrita. Para não me furtar à regra geral, todavia, os escritores nacionais os quais me inspiram são:

- Uanhenga Xitu;

- Arnaldo Santos;

- Pepetela;

- Amélia de Fátima;

- Maria Helena;

- Manuel Rui... 

Internacionais:

- Guy Haarscher;

- Yuval;

- Lobo Antunes;

- Rebelo de Sousa;

- Ferraz Júnior;

- Leandro Karnal..., só para referenciar algumas figuras incontornáveis da escrita poético-literária. 

Enquanto professor de Língua-Portuguesa, sente que as pessoas têm dado o devido valor a língua de Camões?

Sinto que responder à altura essa questão é dar uma volta aos problemas socioculturais do país, porque a língua portuguesa terá ganho um espaço indiscutível na vida dos cidadãos angolanos. É notadamente feliz a legítima expressão intelectual, e espiritual, de algumas pessoas quando se fala da língua de Camões. Com isso, diria que lhe é dado o devido valor, embora devesse aprofundar e exortar maior e/ou melhor investimento no ensino desta língua que é riquíssima em recursos estilísticos, ela acarreta um leque de semantismo verbal e/ou adjectival surreal, surpreendente..., não está (nunca esteve) no seu melhor, mas os esforços têm sido empreendidos para termos uma língua plural e valorizada por todos. 

 

“Precisamos de trabalhar mais. Não podemos olhar para a minoria e dizer que tudo está a evoluir. A maioria é o reflexo da sociedade, logo, essa maioria não está no seu melhor. Precisamos de estar ao aguardo dum investimento maciço nesse sector (educação)”. 

 



Considera-se líder ou liderado?

Sou líder porque tomo decisões que servirão de lição e/ou aprendizado para amanhã. Sou liderado porque vivo num país em cujas leis devem ser respeitadas por todos, sem excepção. Tenho o direito de tomar as minhas próprias decisões (líder), mas, em contrapartida, tenho o dever de obedecer àqueles que me têm como filho. Logo, sou líder e liderado, tal como expliquei, porque tenho claros objectivos sobre a minha vida. 

Quando questionado sobre trabalhar em equipa, Paulo disse: Sim, agrada-me. Porque ninguém gosta de fazer tudo sozinho, humildemente falando (risos). Trabalhar em grupo exige competência, eficiência e eficácia, é preciso ser-se homem para aguentar a pressão, ser humilde para dar a volta quando sucede um escolho, empecilho. Logo, uma mão pode lavar a outra. 

Qualidade: humildade e honestidade. 

Defeitos: procrastinação e preguiça. 

Algo inédito: Ser convidado a palestrar nas províncias nas quais nunca vivi e cujas pessoas não conhecia antes. 

Mensagem aos Leitores Plus.

Antes de dizer qualquer coisa, impele-me a mim agradecer duplamente o momento em que me encontro: o convite e à Palmira. 

Ora, se tivesse que escrever alguma mensagem para os leitores seria a de esperança num país melhor. No entanto, nós precisamos de fazer coisas que o mundo pouco faz. Precisamos de acreditar nas nossas potencialidades. Nós somos incomparáveis, somos um modelo de uma sociedade melhor. Somos os guerreiros da linha de frente. Somos a união, a reconciliação, a harmonização social, e somos o NÃO ao preconceito em todos os seus meandros. 

Nesse caso, para que se tenha uma sociedade melhor, precisamos de fazer coisas melhores, talvez diferentes: ler muito, debater (trocar ideias) mais, ouvir muito. Antes de dizer qualquer coisa, impele-me a mim agradecer duplamente o momento em que me encontro: o convite e à Palmira. 

Ora, se tivesse que escrever alguma mensagem para os leitores seria a de esperança num país melhor. No entanto, nós precisamos de fazer coisas que o mundo pouco faz. Precisamos de acreditar nas nossas potencialidades. Nós somos incomparáveis, somos um modelo de uma sociedade melhor. Somos os guerreiros da linha de frente. Somos a união, a reconciliação, a harmonização social, e somos o NÃO ao preconceito em todos os seus meandros. 

Nesse caso, para que se tenha uma sociedade melhor, precisamos de fazer coisas melhores, talvez diferentes: ler muito, debater (trocar ideias) mais, ouvir muito, falar pouco (quando não for acrescer nada de útil).  

O que ler? Tudo o que tivermos à disposição. 

“A vida é um investimento, quem pouco investe em si, pouco ganha de si. Portanto, olhar criticamente o que fazemos e lemos. Ser crítico não é negar o mérito de outrem. Ser crítico é dizer sim, não, talvez, mas sempre com uma fundamentação humilde e perspicaz”. 

Busquemos a felicidade. Enquanto há vida, vivamo-la plenamente. Contar-se-ão os amigos nesta vida, procuremos fazer parte dos bons e melhores. Somos um modelo, somos a expressão de vitória face à onda de problemas levantados no nosso país. 

Bem haja aos leitores plus, à Palmira e a nós! 

“Somos o berço da fé e não o cemitério da ignorância” - Paulo Muanda.

Por: Palmira Elias

Literacia Plus

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